Ontem pela primeira vez comemos bêbados cachorro quente. Já tava na hora. Depois do charme, do jantar, o barzinho sorridente, jantar de novo, outras vezes se sentar, outras bla bla bla bla. Todas as anteriores remetem a algo extremamente gostoso e polido, o que a gente normalmente fala que é ‘bonito de ver’. Todas, exceto o cachorro quente.
Particularmente, adoro comer coisas do tipo: cachorro quente cheio-de-coisa-dentro no fim da noite, mas sempre deixei pra fazer isso com as minhas amigas, afinal, é bem constrangedor ficar se lambendo e catando os milhos na frente do cara. DO CARA. Normalmente com eles opto por um prensado que é bem menos viking, e mata a fome no fim da noite. Mas não foi o que aconteceu.
Resumindo, pedimos cada um um duplo especial (calculem) e ele no alto de sua ingenuidade na dança da conquista pediu um profiterolis. Bom, entregaram o monstro no carro e eu já tinha passado dos 6 decigramas admitidos há muito tempo. Comi feito um animal, foi prato no chão, molho na blusa, um espetáculo digno do circo dos horrores. Pra fechar com chave de ouro, aquele profiterolis. Ah, nem teço comentários, apesar desse não ser um blog estritamente feminino, espero que todos entendam a nossa relação com chocolate e sorvete (que foram pra blusa também, claro.)
Vale lembrar que a sujeira foi gostosa se isso for compreensível para vocês. Não lembro ao certo o tamanho da inadequação, mas imagino maior que o duplo especial. O ‘teste do cachorro quente’… ele me viu bêbada, no fim da noite, feito um bicho.
Gabriela, no coquetel do filme da Penélope, me convidou pra escrever no blog. Na hora do ocorrido quis escrever sobre isso. Se me permitem, a pauta dentro do teste do cachorro quente é: a dificuldade nossa de juntar beleza+prazer=adequação/aprovação. Essa é a mais difícil de todas as equações femininas, não existe paradigma que me assuste mais, do que o paradigma da aprovação.
Vale lembrar que esse paradigma não existe dentro das ciências exatas, nem no behaviorismo. Ok, eu crio um imaginário só pra tentar ilustrar:
S+ ___/_____APROVAÇÃO?
S+ é estímulo, qualquer coisa boa. _____/____é a quebra da contingência. Essa quebra muda o status adequação/aprovação. Salvem os gritos e sussurros de Gabriela, que me mataria se eu dissesse que esse o status além de fruto do estímulo não seria também interação. Afinal: Comer feito um animal no carro dele é o teste do cachorro quente que me deixa pensando nas minhas inseguranças. No meio dos lobos é ser filha, oras.
Ok, ok. Gabriela que se foda, eu quero mesmo é aprender mais essa variante: tem caminho para a NÃO NECESSIDADE de aprovação independente de auto-estima? Bom, porque se tiver estamos salvas da fogueira e da análise. Tal seria se não necessitássemos ser aprovados, ou mesmo se não a buscássemos o tempo todo. Insuportáveis humanos seríamos. As vezes vomito aqui e ali sobre a questão da aprovação, mas é completamente perceptível à razão que ela nos motiva, impulsiona, ou nos reforça, já dizia Skinner não exatamente dessa forma.
Mas sobra ou fica alguma coisa, né? Senão porra, seriam conteúdos inatos apenas? É instinto (nego os conteúdos de Penélope), e eu não quero admitir isso, portanto é melhor achar que é inato mesmo. É só o que consigo inferir agora. O que mais seria eu, toda bonitinha, comendo quase sem as mãos na frente DO CARA?
SOMOS SERES DE RELAÇÃO, PRONTO. Acho que no fundo, ou bem na superfície, o que eu quero mesmo é ser aprovada. Eu quero crítica, grito, falácia. Eu preciso de retorno. No máximo solidária, generosa… não.
Cansei de ser Poliana!