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Teste do Cachorro Quente

agosto 27, 2010

Ontem pela primeira vez comemos bêbados cachorro quente. Já tava na hora. Depois do charme, do jantar, o barzinho sorridente, jantar de novo, outras vezes se sentar, outras bla bla bla bla. Todas as anteriores remetem a algo extremamente gostoso e polido, o que a gente normalmente fala que é ‘bonito de ver’. Todas, exceto o cachorro quente.

Particularmente, adoro comer coisas do tipo: cachorro quente cheio-de-coisa-dentro no fim da noite, mas sempre deixei pra fazer isso com as minhas amigas, afinal, é bem constrangedor ficar se lambendo e catando os milhos na frente do cara. DO CARA. Normalmente com eles opto por um prensado que é bem menos viking, e mata a fome no fim da noite. Mas não foi o que aconteceu.

Resumindo, pedimos cada um um duplo especial (calculem) e ele no alto de sua ingenuidade na dança da conquista pediu um profiterolis.  Bom, entregaram o monstro no carro e eu já tinha passado dos 6 decigramas admitidos há muito tempo. Comi feito um animal, foi prato no chão, molho na blusa, um espetáculo digno do circo dos horrores. Pra fechar com chave de ouro, aquele profiterolis. Ah, nem teço comentários, apesar desse não ser um blog estritamente feminino, espero que todos entendam a nossa relação com chocolate e sorvete (que foram pra blusa também, claro.)

Vale lembrar que a sujeira foi gostosa se isso for compreensível para vocês. Não lembro ao certo o tamanho da inadequação, mas imagino maior que o duplo especial. O ‘teste do cachorro quente’… ele me viu bêbada, no fim da noite, feito um bicho.

Gabriela, no coquetel do filme da Penélope, me convidou pra escrever no blog. Na hora do ocorrido quis escrever sobre isso. Se me permitem, a pauta dentro do teste do cachorro quente é: a dificuldade nossa de juntar beleza+prazer=adequação/aprovação. Essa é a  mais difícil de todas as equações femininas, não existe paradigma que me assuste mais, do que o paradigma da aprovação.
Vale lembrar que esse paradigma não existe dentro das ciências exatas, nem no behaviorismo. Ok, eu crio um imaginário só pra tentar ilustrar:

S+ ___/_____APROVAÇÃO?

S+ é  estímulo, qualquer coisa boa. _____/____é a quebra da contingência. Essa quebra  muda o status adequação/aprovação. Salvem os gritos e sussurros de Gabriela, que me mataria se eu dissesse que esse o status além de fruto do estímulo não seria também interação. Afinal: Comer feito um animal no carro dele é o teste do cachorro quente que me deixa pensando nas minhas inseguranças. No meio dos lobos é ser filha, oras.

Ok, ok. Gabriela que se foda, eu quero mesmo é aprender mais essa variante: tem caminho para a NÃO NECESSIDADE de aprovação independente de auto-estima? Bom, porque se tiver estamos salvas da fogueira e da análise. Tal seria se não necessitássemos ser aprovados, ou mesmo se não a buscássemos o tempo todo. Insuportáveis humanos seríamos. As vezes vomito aqui e ali sobre a questão da aprovação, mas é completamente perceptível à razão que ela nos motiva, impulsiona, ou nos reforça, já dizia Skinner não exatamente dessa forma.

Mas sobra ou fica alguma coisa, né? Senão porra, seriam conteúdos inatos apenas? É instinto (nego os conteúdos de Penélope), e eu não quero admitir isso, portanto é melhor achar que é inato mesmo. É só o que consigo inferir agora. O que mais seria eu, toda bonitinha, comendo quase sem as mãos na frente DO CARA?

SOMOS SERES DE RELAÇÃO, PRONTO. Acho que no fundo, ou bem na superfície, o que eu quero mesmo é ser aprovada. Eu quero crítica, grito, falácia. Eu preciso de retorno. No máximo solidária, generosa… não.

Cansei de ser Poliana!

Vamos falar de saúde?

agosto 19, 2010

Quantos porres foram? Quantos maços fumados além do necessário foram? Quantos remédios tomados sem dor foram? Quanta fritura comida foi? Quantas noites insones foram? Quantas drogas foram?

Não falo por ninguém, mas da minha máquina corpo, casa da minha personalidade, está em ruínas e eu posso sentir…

Numa noite de tédio, se eu não me engano foi no domingo, acabei assistindo um bloco do programa da Marília Gabriela Entrevista aonde o tema era Bullying, e a entrevistada falou que o trote praticado por veteranos aos calouros dos cursos universitários é a graduação da criança na prática de bullyning. Interessante isso né?

Pois bem, nada é mais almejado por um adolescente do que entrar numa boa universidade, e assim mostrar para seus pais que ele é um bom aluno, e quanto mais longe a universidade melhor, pois assim poderá morar sozinho, que nessa idade não tem preço tal liberdade.

Quando você passa no vestibular, faz seu registro acadêmico, descola um lugar para morar e aguarda o início das aulas. Nada é mais relaxante, porque você pode demolir sua casa, mas enfim, você passou na federal e está aguardando as aulas iniciarem. Quando chega nessa nova realidade, você conhece pessoas que tem realmente os mesmos ideais que você: fumar, beber e sair toda noite e postergar essa boa vida o quanto possa.

Ai a vida vai em grande estilo, saindo seis dias por semana em lugares insalubres para beber cerveja e ouvir boa música (no meu caso era roque, mas se trocar por MPB você tem outra grande parcela de universitários), ir ao parque no domingo para “curtir uma brisa”, acordar de ressaca e tomar coca-cola ou acordar bem e fumar um cigarro, e comer pizza como se fosse a única fonte de sabor do mundo. Esse foi meu maravilhoso estilão de vida, que morro de saudades, mas não sou mais praticante para não morrer de fato.

Eu não estou morrendo, fiquem tranqüilos, mas não sei o que é ter uma vida saudável, sempre que entro numa academia além de achar o som horrível e sempre mais alto do que é possível aumentar no meu headphone, o ambiente é iluminado exageradamente e o valor me lembra uma garrafa de Chivas ou Jagermeister. Correr no parque também não dá, acho muito verde.

Enfim, gosto de lugares com pouca luz, pouca ventilação, bom som, bebidas e discussões acaloradas, mas sem pregação, e aquele cheiro de nicotina que gruda na roupa (meu cabelo sempre foi curto, então nunca senti no cabelo), posters velhos de grandes shows colados nas paredes, banheiros com mais histórias que a própria pista de dança. Gosto de pessoas que só se encontram a noite, como se durante o dia se escondessem do sol que pode matar.

Por isso, gostaria de trocar meu fígado, meus dois pulmões, meu estômago e minhas vias aéreas por órgãos novos para continuar vivendo feliz. Ou parar de ver programas no final do domingo que me fazem pensar como se tivesse 50 anos.